segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Primeiros passos no trabalho com adolescentes


Se você acaba de ser desafiado a enfrentar uma turma de adolescentes, que estão em plena efervescência, e se encontra sem saber o que fazer, fique tranqüilo, você não é o único. Muitos jovens e adultos são chamados para o trabalho com adolescentes e a maioria começa meio que sem saber como começar. Então, vamos compartilhar alguns princípios básicos (realmente bem básicos) que podem ajudar a dar os primeiros passos.
1. Tenha consciência do seu chamado. Este é um trabalho especifico que requer algumas características para o líder de adolescentes. Ter consciência do seu chamado para o trabalho com adolescentes significa que você entende que é isso que Deus quer pra você na igreja, e você não está somente dando um tempo de outras atividades ou quebrando o galho. Assim você se dedicará a esse ministério, buscando entender e amar o adolescente, enriquecendo-se com materiais novos e em cursos específicos.
2. Faça parte da turma. É muito importante que o adolescente te sinta como um amigo, e não como um inspetor escolar. Eles necessitam de um discipulador, alguém que entenda os seus problemas, não como o pai e a mãe, mas como um irmão maior, um amigo mais velho, para quem eles podem se abrir. Então, participe das atividades deles, envolva-se no mundo deles, identifique-se com a cultura adolescente para poder entendê-los. Seria bom entrar no mundo da internet do qual eles fazem parte. Seja fotoblog, Orkut, MSN, ou o que for que eles usem para se comunicar e se expressar. Geralmente nesses canais eles expressam seus sentimentos e suas necessidades. É uma ótima oportunidade para entrar em contato com eles e conhecê-los um pouco mais, bem como ser acessível e conhecido por eles.
3. Trabalhe com eles. E não apenas para eles. Os adolescentes precisam estar envolvidos no trabalho, ativamente participando, criando, desenvolvendo. É assim que eles vão aprender e crescer. A adolescência é um período muito curto e logo eles estarão assumindo postos de liderança em alguma escala e precisam de capacitação. Por outro lado, é a atividade que fará com que eles se identifiquem com o trabalho. Eles estão cheios de energia e a igreja precisa saber aproveitar essa energia, para o benefício dos adolescentes e da igreja toda. Uma boa opção nesse ponto é criar ministérios específicos em que eles podem atuar, mas sempre com a mentoria de um líder experiente ou discipulador.
4. Trabalhe com os pais. Essa é uma das partes mais difíceis do trabalho com adolescentes. Tem pai que é mais complicado que o filho. Saiba que nessa fase muitos pais estão navegando águas completamente novas e não sabem como tratar seus filhos adolescentes. Os pais precisam aprender como lidar com essa nova fase de seus filhos e o líder de adolescentes tem que ter jogo de cintura para trabalhar com os pais, orientando-os na medida do possível. Seria muito bom se isso proporcionasse a oportunidade de oficina de pais, para tratar seus filhos adolescentes. O líder de adolescentes tem um acesso aos filhos que os pais muitas vezes não têm. Então é importante utilizar essa oportunidade para ensinar os filhos a respeitarem os pais e os pais entenderem os filhos.
5. Busque o equilíbrio entre edificação e diversão. Adolescentes não são adultos. Eles não possuem a disposição de um adulto para sentar e escutar uma pessoa falando por algumas horas todas as semanas. A mente deles está funcionando rapidamente, eles estão em outro ritmo, tanto para mais quanto para menos. O biorritmo do adolescente está passando por transformações e temos que ter sensibilidade para o seu “time”. Programe atividades tendo em vista a relação edificação - diversão. Entenda que diversão não é pecado e que eles podem aprender de maneira descontraída e dinâmica. Na realidade é assim que eles mais aprendem e mais se abrem. Muito mais que em uma palestra longa, portanto, seja criativo. No entanto não elimine completamente os momentos sérios. Eles também valorizam isso (quando esses momentos não são todos os momentos). E mais, eles precisam disso. Precisam ser exortados e orientados objetivamente. Não transforme seu grupo em um cube ou parque de diversões que funcione assim o tempo todo, e também não deixe que seu grupo ganhe a fama de ser um dos momentos mais chatos da semana.
6. Não se limite aos fins de semana. Talvez seja necessário gastar um tempo durante a semana com eles. Geralmente isso é muito complicado em uma cidade grande e com uma geração de adolescentes com muitas atividades escolares. Mas não deixe de aproveitar qualquer oportunidade de reunir-se e encontrar-se, especialmente porque esses encontros informais podem ser bem proveitosos.
7. Invista em oração. Parece bem óbvio, mas às vezes é do obvio que nós esquecemos. Invista pessoalmente em oração e incentive-os a orar também. Promova oportunidades em que eles podem estar em oração. Mostre como a oração e a leitura da bíblia pode fazer parte da rotina diária deles assim como faz parte da sua.
8. Forme líderes. Pode ser estranho, mas devemos começar o trabalho pensando em quando vamos sair. Ou seja, nós não somos a “última bolacha do pacote” e nem os únicos que podem fazer o que fazemos. Não somos eternos, e talvez não ficaremos tantos anos quanto imaginamos na liderança deste trabalho. Por outro lado, o tempo da adolescência passa muito rápido, de forma que logo eles estarão com uma idade em que poderão assumir postos de mais responsabilidade. Se não trabalharmos na formação de novos líderes, o trabalho pode enfraquecer com o tempo. Forme discípulos que vão dar continuidade ou mesmo apoiar o seu ministério com os demais adolescentes. Os mais experimentados podem ser importante no contato com os demais, tornando-se um exemplo a ser seguido pelos menores e um alvo a ser alcançado.
9. Reinvente-se. A relação entre a teoria e a prática é conflituosa. Nem sempre aplicamos tudo o que pensamos que podemos. Estes mesmos pontos podem nem ser completamente aplicáveis no seu contexto. Mas seja sempre disposto e aberto a novas experiências e a outras formas de ver e aplicar o ministério com adolescentes. Este é um grupo em constante mudança e, a todo momento, novos ministérios e lideres surgem com idéias e estratégias que, no mínimo, valem a pena conhecer. Então, esteja disposto a mudar, a quebrar paradigmas e reinventar-se. É possível aprender com os próprios adolescentes, com seus pais, com os lideres mais antigos, com ministérios de outras igrejas, com ministérios para-eclesiásticos, e também, consigo mesmo. Com seus próprios erros e acertos, com a meditação na Palavra e com a união entre a criatividade e a ação do Espírito Santo em você. Portanto, esteja aberto a todos esses canais.
Certamente não esgotamos a lista de conselhos para o trabalho com adolescentes. Muitas outras coisas poderiam ser acrescentadas por outros líderes, mas, creio que para começarmos a pensar no trabalho com adolescentes na igreja, seria muito bom meditar nessas questões. Nem que seja para discordar. Como o trabalho com pessoas não possui regras fixas e exatas, o trabalho com adolescentes muito menos. Cada experiência proporciona novas formas de ver e desenvolver. O importante é que sejamos fiéis nessa obra, apaixonados pelos adolescentes que Deus nos confiou e por esse ministério, e façamos sempre o melhor para o Reino. Assim, esta lista não termina aqui, ela deve ser completada, discutida, questionada, reflexionada. Assim começa o trabalho como líderes de adolescentes, muito suor e muitas lágrimas, mas certamente muitas bênçãos. Que Deus nos ajude!